A crise - por Gaaki

Estava ficando com cada dia mais raiva das minhas “bateções de cabeça”. Sempre acreditei que, quando fazemos a coisa certa, as portas se abrem automaticamente. Então... fiz Fonoaudiologia, dei muito murro em ponta de faca, insisti durante quatro anos e não evoluí. Agora estou com um elefante branco lá na minha casa, vulgo audiômetro, para vender e possivelmente pagar as horas de voo. Nesses quatro anos só acumulei dívidas por causa desse bendito audiômetro e vou ficar pagando-o até 2014. Não, gente, chega. Vou vendê-lo, quitar essa dívida e recomeçar outra vida. Cansei de ser pobre.

Há algumas semanas um amigo estrangeiro estava passando pela mesma “crise”: saco cheio dessa vida de pobre, de bater cabeça e não evoluir. Ele estava num estresse tão grande, mas tão grande que não me deu nem bom dia para não ter que me responder “o que ele tem de bom?”. Pois é, mal sabia ele que eu estava passando pelo mesmo problema do lado de cá da linha do Equador. Ele sabia exatamente o que eu estava sentindo.

Fonoaudiologia só vale a pena quando você tem marido ou irmão otorrinolaringologista e, como não é o meu caso, sou obrigada a olhar para o elefante branco todas as noites. Vou vender aquilo e esquecer de vez isso. Não, gente, não estou falando mal da Fonoaudiologia, mas sim da luta que é você abdicar cinco anos da sua vida de trabalhar para poder se formar numa das melhores universidades da América Latina e não ter retorno algum. Adoro clinicar, gosto de gente, amo idosos, que foram essencialmente meu público alvo nesses quatro anos. Mas ninguém merece ser fonoaudiólogo no Brasil. As pessoas costumam confundir profissões de reabilitação com caridade e não gostam de pagar. Brasileiro só vai ao médico quando está doendo. Falar errado não dói. E daí? Daí que larguei a Fonoaudiologia sem dó nem piedade. Não me arrependo.

Aí andei pensando: que droga. Escolhi um outro sonho caro. Fui fazer Pilotagem de Aeronaves. Lindo, interessante, curioso, até porque uma mulher nessa área é algo raro. É bastante divertido até. Não senti até hoje qualquer forma de preconceito, muito pelo contrário, sempre fui muito respeitada pelos meus colegas e professores. Fiz grandes amigos na aviação e adoro esse metier. Muitos dos profissionais que admiro hoje em dia são aviadores. Meu ídolo é Santos Dumont.

Ok, lindo sonho. Uma mulher aviadora, que máximo, chamo a atenção de um bocado de gente por onde passo. Não é comum. Mas de que adianta você não ser comum e não ter um pai Eike Batista para bancar seus sonhos? Não que eu não me orgulhe do meu, afinal, foi com ele que aprendi a amar as máquinas. E exatamente para honrar isso eu avisei em outro post que ia fazer mais uma doideira. E foi assim que [re]escolhi Engenharia Mecânica, na mesma universidade em que fiz Pilotagem. Era um curso que já tinha vontade de fazer há muito tempo, e achei que agora era a hora certa.

Cara, eu não poderia estar mais feliz. Estou concentrada no meu trabalho, estou aproveitando meu momento de hiperfoco como nunca. Quando chego à faculdade, além de morrer de rir porque estar entre homens me faz bem – sim, odeio frescura feminina, sou uma mulher extremamente prática e direta – eu posso dar vazão a absolutamente todas as minhas maluquices. Tudo o que se pensa é válido, tudo pode ser posto em prática, sonhos e invenções de criança podem ser coisas úteis no dia-a-dia das pessoas. Lá eu encontrei o respaldo que nunca encontrei em nenhum outro lugar a que tenha ido. Muitos amigos engenheiros já haviam me falado que engenhar é criar. E tanto é verdade e estou levando isso tão a sério que estou em paz, não sinto mais aquela angústia em saber que não estou no lugar certo, aquela sensação de saco cheio sumiu. As portas literalmente se abriram.

Nesse ínterim entre aeroclube e retomar os estudos na faculdade passei por um relacionamento feliz, mas que teve um fim estranho e agora acabou mesmo. Sofri, lógico, porque criei uma expectativa muito grande. Agora aprendi que a expectativa é a mãe da decepção – assim como a preguiça é a mãe da engenharia, porque se não fosse um preguiçoso ter preguiça de andar a roda jamais teria sido inventada, eheheh. =) Comentei isso porque agora eu tenho um novo relacionamento, à distância, mas que me faz feliz e que não me deixa maluca como antes eu estava. Chega de tentar esconder com sexo uma frustração pessoal. Tanto que mesmo ele estando longe de mim sinto como se estivesse ao meu lado, porque nos falamos todos os dias, e incrivelmente não estou sentindo falta de sexo.

Sabe o que é isso? Estou canalizando minhas energias para o lugar certo. Estou em paz.

posted under | 0 Comments

Minha memória de Elefante por Mirk@

Confesso que minha memória é um dos meus sintomas que está no TOP 3 dos mais irritantes.

Estou cada vez mais desligada do mundo, deixo passar as coisas por esquecimento puro. Ontem mesmo eu combinei com o Marcelo de fazer a matrícula do Bruno no cursinho, beleza ...

No meio do caminho ele me pergunta: você imprimiu os documentos do Bruno? E eu ... putz, nem lembrei. Super chato isso e a gente gasta tempo à toa, então vou voltar lá hoje daqui a pouco e, ainda não imprimi os documentos. Mas já estou com um lembrete aqui na minha mesa.
Ontem o culpado foi o Tiririca e a Mulher Pêra, pois se candidataram a deputado e eu fui lá conferir com meus próprio olhos, se você quiser ver, eu postei aquiaqui também. Foi essa palhaçada toda que me distraiu. (:

Esqueci também de marcar o retorno pós cirúrgico do meu marido, sorte que já deixam horário pré definido no consultório. Sou ótima enfermeira .. shame!

Outro dia eu  liguei  pra Novartis e teimei com a atendente que já havia comprado Concerta com o cartão Vale Mais Saúde. No fim a mulher falou: lê aí no frasco quem é o fabricante, pois esse medicamento não faz parte de nosso programa. . kkkkk

Claro que não faz, quem fabrica o Concerta é a Janssen! Só dou fora

E a pergunta que não quer calar: Como anda sua memória de elefante? ;)

Medicamentos para TDAHI: Tudo o que você queria saber

 
O medicamento pode ajudar a reduzir os sintomas de hiperatividade, desatenção e impulsividade em crianças e adultos com TDAHI, mas eles vêm com efeitos colaterais e riscos, e não são a única opção terapêutica.  Se você é  pai ou o paciente, é importante aprender os fatos sobre a medicação para a  TDAHI a fim de que possa tomar uma decisão informada sobre o que é melhor para você e / ou seu filho.

Nosso site não tem fins lucrativos e não recebe recursos de nenhum laboratório, por isso temos a liberdade em postar informações importantes para que você faça a sua opção consciente e de forma responsável.

Ao longo dos últimos seis anos, notamos que muitos médicos não informam os riscos e não discutem os efeitos colaterais com seus pacientes. Acreditamos que a principal causa disso, seja a consulta “corrida” principalmente pelos médicos que atendem por plano de saúde e são mal remunerados,  eles têm a necessidade de dobrar o número de atendimento e com isso as consultas não passam de 10 ou 15 minutos.  Acontece o mesmo com muitos médicos que atendem pelo SUS, são muitos pacientes agendados para um mesmo dia, influenciando negativamente a qualidade do atendimento.

Não queremos, com isso, discutir a questão ética. e nem somos contra o uso de medicamento, somos contra o seu uso indiscriminado. E como portadores e pais  de portadores, nossa missão é informar de forma responsável e imparcial.

1 Medicação para TDAHI: O que você precisa saber 11
2 Medicamentos estimulantes para TDAHI 16
3 Medicamentos não estimulantes para TDAHI 7
4 TDAHI e outras opções de medicação 9
5 Como decidir se deve ou não tomar medicação 4
6 Medicando seu filho 5
7 Guia sobre a medicação

posted under | 2 Comments

Aprendizagem e TDAHI

TDAH na sala de aula, ainda é um grande desafio. Esse vídeo mostra técnicas que tornarão os professores facilitadores dos processos de aprendizagem e controle comportamental da criança com TDAH em sala de aula. Através desta capacitação os educadores poderão também orientar os pais a adotarem medidas eficazes em casa.

Vejam o vídeo e baixem a cartilha no site.

posted under | 0 Comments

Cala Boca Galvão parece coisa de TDAH:

Galvão Bueno, o famoso narrador e radialista brasileiro, foi feito vítima de uma grande fenômeno do Twitter quando milhões de usuários o mandaram calar a boca durante a abertura da Copa do Mundo de 2010. O fenômeno logo virou uma piada mundial.


Para muitos, Galvão Bueno é considerado insuportável, porém ele é o narrador oficial dos jogos da seleção brasileira de futebol e dos mais importantes jogos de futebol e vôlei do Brasil desde 1993, e também das corridas da Fórmula 1. Confira o que rola na Internet:


"Nem bem a Copa do Mundo começou e o narrador da TV Globo Galvão Bueno já começou a ser citado pelo público brasileiro. A expressão ‘Cala Boca Galvão’ virou hit do Twitter mundial durante a cerimônia de abertura da competição, que foi apresentada por ele e a jornalista Fátima Bernardes na África do Sul. O público mostrou o descontentamento com o narrador e apresentador de tal forma que a expressão de desaprovo ao seu desempenho na cerimônia de abertura foi a líder do Trending Topic (TT) Brasil, termo que representa as palavras e/ou expressões mais abordadas no microblog no país."

Rapidamente “cala boca galvão” chegou ao primeiro lugar nos trending topics mundiais e pessoas do mundo inteiro tentaram entender o que estava acontecendo.

shafiraaulyapn: "who's CALA BOCA GALVAO ? @,@"

LuizRedfield: "O Brasil dominou o Twitter! CALA BOCA GALVAO em primeiro no Worldwide! O resto do mundo não tá entendendo nada!"

 A mais difundida imagem da brincadeira. autor desconhecido
A mídia brasileira e a mídia internacional já estão comentando sobre o fenômeno: 

maria_fro: "Plena copa [ CALA BOCA GALVAO ] E [ BOCA GALVÃO ] enlouquecem os gringos:1º e 3º lugares no TT enquanto FIFA WORLD CUP E #WORLDCUP 5º E 6º!"

Sobre a brincadeira, Junior Miranda explica:
"Inicialmente, os usuários do twitter em outros países pensaram que o “CALA BOCA GALVÃO” tratava-se de uma campanha no Brasil pedindo proteção a uma ave em extinção. Um usuário do twitter nos Estados Unidos postou: “Galvão é uma ave muito rara no Brasil. CALA BOCA significa SAVE, os brasileiros estão muito tristes porque muitas GALVAOS morrem todos os dias”. E ainda: “CALA BOCA GALVAO, o mundo não pode viver sem esse pássaro!”. Outros perguntaram se era uma campanha da ONG ambiental Greenpeace: “Cala Boca Galvão é um novo projeto do Greenpeace?”

Porém, quando os internautas de outros países descobriram que não se tratava de uma campanha ambiental dos brasileiros pedindo a proteção do “Cala Boca Galvão”, começaram a publicar no twitter: “CALA BOCA GALVAO não é uma ave rara no Brasil. Isso significa “Cala a boca Galvão” um locutor esportivo odiado por pessoas aqui em baixo”. Vejam que para se referir ao Brasil alguns gringos utilizaram a expressão “pessoas aqui em baixo”.

Os brasileiros espalharam que o “CALA BOCA GALVAO” não era apenas uma espécie de ave em extinção, mas também um tipo de remédio e um novo single da Lady Gaga. alguns blogs realmente acreditaram que “Cala Boca Galvão” era, acreditem, um novo single.



Juliana Weis diz:  "Outra explicação, não menos sádica, mas menos usada, é de que “CALA BOCA GALVAO” é a nova música de Lady Gaga. Só que essa versão não ganhou tantos adeptos quanto a do pobre pássaro ameaçado. Mas o pior (ou melhor) de tudo, os gringos aderiram. O “CALA BOCA GALVAO” invadiu o site e virou piada entre os brasileiros: “Se o Galvão é um passarinho de acordo com os gringos… seu canto é insuportável”, brincou um twitteiro chamado @Pedrocost."

O famoso escritor brasileiro Paulo Coelho estava entre os piadistas:

paulocoelho: CALA BOCA GALVAO is the Brazilian version of a homeopathic remedy SILENTIUM GALVANUS

E a brincadeira ainda continua enquanto os brasileiros continuam a tentar “explicar” o que “CALA BOCA GALVAO” significa. Veja algumas reações no Twitter:

BrazilianMcFly: News: "CALA BOCA GALVAO is the new single of Lady Gaga in Spanish rythm about a brazilian bird in extinction."
TheMusicDude: “Essa parada de CALA BOCA GALVAO é a maior piada interna da história mesmo. Um país inteiro rindo e o resto do mundo sem entender nada”.

instanTKarmax: “After Alejandro, Lady Gaga will launch her new single CALA BOCA GALVAO, which promises to become another worldwide success.”

taianetai: "#nowplaying Lady Gaga - CALA BOCA GALVAO EXPLICIT VERSION"

nandoaires: CALA BOCA GALVAO Foundation will give US$ 0,31 for each tweet mentioning CALA BOCA GALVAO. Save the birds, RT.

nicholashf12: "So what is the meaning of CALA BOCA GALVAO??? That's such a horrible nome for a Lady Gaga's song. I won't buy it, even for any bird's sake!"

Antonionuneskd: "Quem acha que devemos entrar pro Guiness por enganar o mundo dá RT . CALA BOCA GALVAO"

JonCardoso: "Gente, o Brasil é muito criativo! CALA BOCA GALVAO."

MirkaB: "O Twitter é de graça; Digitar é de graça; Ler é de graça; Ver o mundo se perguntando ” Who is CALA BOCA GALVAO ” #Nãotempreço"

Uma comunidade no Orkut foi criada e até agora conta com  quase 800 membros, e também uma conta no Twitter @calabocagalvao e outra conta no Twitter para a “Galvao Bird foundation” [Fundação Pássaro Galvão]: @galvaoinstitute


Créditos: Raphael Tsavkko Garcia


posted under | 4 Comments

Tem hora que eu mereço apanhar, fala sério.

Ontem estava no escritório, bem trabalhando. Tinha marcado de fazer as unhas às 13h30, mas antes ia almoçar com as meninas por aqui mesmo. De repente, falei com uma delas (pelo menos foi o que elas me contaram que eu disse):

- Vou ali comprar comida. Já volto.

O caso é que eu não lembro de ter dito isso. Como não estava com o estômago em condições de receber uma refeição decente, pois não havia dormido - tossi a noite inteira -, entrei na lanchonete ao lado do salão de beleza e lá comi vagarosamente um pão de batata. Terminada a "refeição", entrei no salão e fiquei fazendo teste com os esmaltes - faço a unha da semana já pensando na cor da próxima.

Maravilha, terminei as unhas, o resultado está lá no meu orkut, cor de cobre. Ficaram lindas! Mostrei para todo mundo, fiz a maior hora no salão ainda...

Voltei para o escritório às 14h15. Chegando aqui, uma das meninas só me chama do outro lado da sala:

- Ê, Glaucia, a L. e a I. estão te esperando para almoçar até agora!!!

posted under | 0 Comments

Na sequência...

Só vim aqui hoje para postar uma coisa: vesti mais uma vez a blusa ao contrário. Só que desta vez eu saí. Fui ao posto de gasolina, abasteci, desci do carro para pagar, e tou sentindo a bolinha do zíper pegando e me incomodando junto com o cinto. Saí do posto e aí que fui ver que estava com a blusa do avesso. "Muito bom, Glaucia. Agora você procura uma rua mais paradinha para desvirar". E foi o que fiz...

posted under | 1 Comments

Eu avisei!

Durou duas semanas a estratégia da cabeceira da pista. Ir à aula dá mais certo, tenho é que aproveitar a reta final do curso teórico de pilotagem. Acaba agora dia 07 e eu já estou providenciando outra atividade para executar nesse tempo que vai ficar ocioso. Aguardem notícias.

Eu estava me lembrando há pouco quando eu ia postar aqui no Ritalina o "Mútua observação". Como participo de quatro blogs, eu acabei postando-o no Insone Apaixonante. Apaguei, né, mas agora está lá a atualização do Insone, como se eu tivesse feito um poema com esse nome! Kelly, foi mal, vamos escrever algo decente para postar lá.

Tenho que admitir que ando com a cabeça cheia, e tem hora que não consigo processar nada. Por isso não se assustem se eu ficar sem escrever muito tempo, tanto aqui quanto nos outros, especialmente no Mingau, 'tadinho, que ficou vinte dias abandonado. Se bem que ele agora está um blog cult, até escrevi minha primeira poesia em espanhol!

(Cara, comecei a falar da cabeceira da pista da Pampulha e agora estou falando de poesia em espanhol!)

Sim, estou partindo para meu quarto idioma  - o default é o português, falo além dele o inglês e o italiano. Confesso que estou apanhando muuuito mais do espanhol que do alemão, que estudei por dois semestres, mas não falo. E por falar no latino idioma, ontem fiquei revoltada com a minha chefe. Minhas colegas de trabalho brincaram comigo, falando que estou "internacional" porque meu namorado não é brasileiro, e que agora, por isso, eu só falava espanhol. Aí ela vira e diz: "espero que isto não esteja atrapalhando o trabalho dela." Pombas, o idioma em que me comunico com o meu namorado, após as dezoito horas, influencia no meu trabalho? Ela devia achar era bom, porque da última vez que apareceu um gringo lá no centro de convenções eu fiquei fazendo as vezes de intérprete entre ela, que mal mal fala português, e o cara, um canadense da parte inglesa. Saí da sala depois da brincadeira, e ela ainda teve a pachorra de vir atrás de mim e falar que a informação que estava recebendo a meu respeito era de que eu estava "voada". Minha resposta: "eu adoraria ser uma mulher mais voada, M., mas eu ainda preciso de quarenta horas de voo em monomotor para tirar o brevê. Só sou voada em ultraleve até agora."

(Do espanhol para as horas de voo... já entenderam tudo, né? Preciso explicar mais alguma coisa?)

posted under | 0 Comments

"Labradoodle"

Se os TDAH's fossem cães, certamente seriam labradores.

posted under | 0 Comments

Mútua observação

Ontem teve apresentação do Coral, e estava a coisa mais hilária do mundo: a Mirka na plateia e eu no palco, e as duas se observando. Obra: "Paixão Segundo São Mateus", de Johann Sebastian Bach, versão resumida por Lukas D'Oro. Imaginem passar uma hora e vinte minutos parada no palco, especialmente durante as árias dos solistas. Se tivesse que ser a obra inteira, eu estaria simplesmente ferrada, fatalmente derrubaria a partitura no chão, descalçaria os sapatos... Como foi "só" uma hora e vinte, mexi nos cabelos, cocei o nariz, cocei o rosto, torcia o pezinho, coçava o braço, virava as páginas da partitura para uma ária que não era a executada, procurava a Mirka, dava instrução de filmagem para o Caco, que também estava na plateia, perguntava para a Bárbara, a contralto que estava ao meu lado, se íamos cantar o "O Mensch"... Eu estava insuportavelmente quieta.

Enquanto isso, a Mirka não parava quieta na cadeira. Olhava para trás, conversava com um, mexia no cabelo, conversava de novo, me pareceu estalar os dedos, mudou de plateia, foi lá para a parte superior da igreja, logo em seguida desceu de novo. Não parava de se mexer enquanto estava sentada, nenhuma posição estava boa.

Ao final da apresentação, ela se vira para mim e diz:

- Não sei como é que você aguentou ficar aí parada!!!

E eu:

- Eu não aguentei! Eu estava irrequieta! O caso é que você não viu porque também estava se mexendo o tempo todo!

posted under | 5 Comments

Hereditário? Imagina!

Minha avó é tão linda! Uma gracinha, tem 82 anos e é muito ativa. É, confesso, hiperativa. Quer se esconder dela? Vá para a casa dela. É o último lugar em que você a encontrará. Mais fácil achá-la na "ponte rodoviária" entre Belo Horizonte - Uberlândia - Piracicaba - São Paulo - Barbacena. E quem diz que ela fica na casa de quem ela se propôs? A "véia" levanta sete e meia da manhã e vai bater perna, arruma uma missa para ir, uma feira para visitar, um shopping para passear. Quando eu era menor ainda do que sou hoje e as minhas pernas mais curtas, eu não conseguia acompanhá-la. Meus pezinhos doíam, coitados, de tanto que ela andava e fazia a gente andar junto. Hoje em dia estamos no mesmo passo, e as perninhas continuam curtas e ágeis. Agora pensa nessa velha num pós-cirúrgico? Outro dia ela precisou fazer uma pequena intervenção e o médico mandou que ela ficasse de molho uns vinte dias. O molho durou cinco.

Meu pai, filho dela, é outro que também não sossega. Foi com ele que aprendi a ter paixão por carros, e é daí que gosto tanto de acordar cedo no domingo só para cuidar do possante, lavar, passar cera etc. Pois é, está sempre inventando alguma coisa que facilite a nossa vida e procurando o que consertar na casa, e consegue da forma mais barata e simples. É o cara que literalmente exerce a filosofia "soluções práticas para um mundo moderno". Gosta demais de dirigir - com ele eu aprendi a pilotar um carro - e não para em lugar nenhum. Já viveu em vários Estados e voltou para Minas Gerais porque amazonense tem um ritmo que ele não aguenta, mas que também não chega a ser como baiano. No Amazonas ele quase ficou louco, se meu pai tivesse que viver na Bahia, ele certamente enlouqueceria e jogaria uma bomba lá. A única coisa que "para" o velho hoje em dia é a gota que, quando ataca, deixa ele cheio de dores e com as articulações todas inchadas. Mesmo assim, quando ele pensa ter melhorado, ele volta lá para baixo dos carros e vai consertar mangueira, radiador, desempena isso, parafusa aquilo, aperta dali, regula d'acolá... E depois volta para a cama morrendo de dor. Mas não aprende.

Eu, enquanto isso, não sou uma consultora feliz se não tiver ao menos seis ou sete janelas abertas no meu computador. Geralmente fazendo três ou quatro orçamentos, montando dois contratos, escrevendo e-mail e isso tudo ao mesmo tempo em que falo ao telefone e dando satisfação de uma quinta coisa à chefe, que está ao lado. Tive que emprestar o "Mentes inquietas" para ela ler e entender que o normal meu é isso. Não que eu tente justificar meu comportamento diante dela, é que ela não consegue conceber como é que eu consigo fazer trezentas coisas de uma vez e as outras pessoas uma de cada vez. Saldo final: não termino nenhum dos contratos, nenhum dos orçamentos, me enrolo no e-mail e me perco na conversa ao telefone. Isso me frustra profundamente. Aí eu me levanto, dou um passeio pela sala, vou à copa, tomo um café, estalo os dedos e as costas, arranco uns fios de cabelo - tricotilomania, eu tenho - e volto ao posto. Fecho pelo menos cinco janelas e me proponho a terminar uma coisa de cada vez. Aí sai.

Uma colega de trabalho costuma fazer uma comparação muito boa: existe um objeto voador na sala. Todos já perceberam que se trata de algo que voa. A Glaucia, sem olhar, já sabe que é uma borboleta de quatro cores e já está lá no Google procurando à qual família a bendita lepidóptera pertence. Um cérebro hiperativo é assim, processando milhares de coisas ao mesmo tempo e já pensando no que fazer para sobrar mais tempo para outras atividades.

Hoje tive aula de Navegação. Entender o computador de bordo é um pouco complicado, e eu estou prometendo para mim mesma que "amanhã eu estudo". Só que eu não consigo ficar mais do que quinze minutos com a poupança pregada numa cadeira para poder estudar. E eu apanhando do computador de bordo. Amanhã eu estudo. E o amanhã nunca chega, porque eu não consigo estudar. Daí já estou lá processando algo que dê certo. Semana passada, levei as apostilas para a cabeceira do aeroporto e, enquanto os aviões pousavam e decolavam, eu repetia as coisas em voz alta, simulava alguma frase característica da fonia dependendo da posição da aeronave, e assim fui criando nova estratégia para estudar. Essa deu certo. Vamos ver até quando dura.

posted under | 2 Comments

Campanha: Use sua liberdade de expressão com responsabilidade. Miopia sim, cegueira não!

Apesar das pesquisas comprovarem que 5% das crianças têm diagnóstico de TDAHI, ainda existem pessoas que duvidam que ele exista e fazem campanha nos meios de comunicação em massa contra seu tratamento, deixando pais que já estão vulneráveis, ainda mais confusos e prolongando o sofrimento de milhares de crianças e adolescentes mundo a fora.

Essas pesquisas científicas foram realizadas por conceituadas universidades em todo o mundo e é bom lembrar que o mundo é bem maior que o quintal da nossa casa. Será que todos os pequisadores ( de diversos países )  se equivocaram ao mesmo tempo ao terem um resultado único a respeito do TDAHI? Será que a indústria farmacêutica conseguiu comprar todos esses cientistas e pesquisadores?

A Ciência não é democrática e não está interessada na opinião pessoal ou achismos desse ou aquele, pois esses processos são pesquisados, validados e publicados. O que me admira é que hoje existem mais artigos publicados validando o  TDAHI do que a esquizofrenia, porém que eu saiba, ninguém duvida da sua existência. 

Quando vejo comentários irresponsáveis circulando pela internet, fico apavorada. Esses comentários são cruéis com os portadores de TDAHI e seus familiares, pois prolongam seu sofrimento e adiam sua solução.

Eu sou mãe de um TDA, sou portadora de TDAHI e digo que foi muito difícil encontrar um caminho e esse caminho não é de rosas, é de pedra, os pés ficam calejados durante a árdua trajetória.

Meu filho já foi rotulado e enfrentou uma série de preconceitos. Depois de diagnosticado e tratado eu pude oferecer condições de crescimento que ele merece e que eu não tive em minha infância, não por culpa da minha mãe, mas por ser um transtorno até então desconhecido. 

Minha mãe também foi vítima de um TDAHI não diagnosticado e, em 1956, por ter dificuldades em aprender e manter sua atenção foi estudar no antigo Instituto Pestalozzi, rotulada como incapaz e retardada. Mulher inteligente que é, criou três filhos e demonstrou que nunca teve problemas cognitivos.

O diagnóstico não aprisiona quem de fato é portador do TDAHI, ele liberta. Ao invés de deixar a pessoa presa a rótulos -"Vagabundo", "burro", "negligente" e outros adietivos - coloca um ponto final nessa enxurrada da preconceitos e possibilita a inclusão dessas crianças que têm o direito de serem entendidas e respeitadas.

Como mãe, não quero crianças medicadas indiscriminadamente e sei que existem por aí avaliações e diagnósticos duvidosos e profissionais pouco éticos, por isso procuro me informar e me cercar de profissionais confiáveis e especializados na área.

Diagnóstico errado acontece em qualquer área da saúde, o grande problema é querer generalizar e achar que os pais preferem dar Ritalina aos filhos do que educá-los ou amá-los. Essa afirmação enfurece qualquer mãe/pai de TDA, só quem tem um por perto para conhecer a realidade do dia a dia.

Dizer por aí, sem nenhum conhecimento científico e embasado em achismo que é contra dar a medicação pra essas crianças é de uma irresponsabilidade sem limites, por isso que quando li no Twitter hoje "@fulano REPASSEM ESTA INFORMAÇÃO - EU SOU CONTRA RECEITAR RITALINA PARA CRIANÇAS !!"  eu tive que retrucar para o fulano  "@fulano REPASSEM ESTA INFORMAÇÃO - EU SOU CONTRA RECEITAR ÓCULOS PARA CRIANÇAS MÍOPES !!".

Imaginem que beleza, eu quando criança não recebi o tratamento pra TDAH e, se a minha mãe também não deixasse usar óculos por causa da minha miopia?  Reflitam sobre isso, pronto, desabafei. Ufa.


Visitem meu site: TDAHI - Grupo de Apoio

Troféu joinha para mim quatro vezes

Ontem, eu havia chegado às três da manhã em casa, e vi que meu celular estava só com um pininho de bateria. Pus para carregar e fui dormir.

Levantei às sete, vesti uma blusa, e às dez estava com a Mirka no msn, discutindo a ritalina com "babagem". Já estava ali na porta de casa, preparando-me para ir à padaria, quando percebi que a blusa que vestia estava do avesso.

Um amigo me chamou depois no msn e disse que havia me mandado uma mensagem no celular. Foi a Glaucia aqui conferir, e cadê que o celular tinha bateria? Eu apenas havia conectado o pino no telefone, e esqueci de ligar o carregador na tomada.

Mais tarde, quando fui deixar esse amigo e sua filha em casa, estou descendo a Jacuí e simplesmente esqueci do sinal vermelho na esquina da Pouso Alegre. Fui no embalo de um táxi que estava na minha frente com o pisca-alerta ligado, retirando o veículo da pista. Só não tomei uma chapoletada porque o trânsito estava tranquilo e estava chovendo muito, ninguém iria ser louco de correr naquele temporal.

Para completar a sucessão de distrações, hoje saí contente, feliz e sorridente do trabalho e fui para o aeroclube. Finalmente consegui assistir à aula de Meteorologia. E a apostila e o caderno ficaram lá no centro de convenções. Amanhã eu pego.

posted under | 6 Comments

Que bobagem é essa?


Ah TDAHI ..... tem gente que acha que é legal ter, afinal, está na "moda". Mas quem tem, sabe que é complicado, mais ou menos como matar um leão por dia. Eu não acho nem um pouco legal ter passado o TDAHI pro meu filho Rafael (essa droga é genética) , e nem acho legal sempre chegar atrasada nos meus compromissos - já ganhei um relógio sem ponteiro de inimigo oculto o_O -, não acho legal acumular tarefas por não saber  me organizar melhor, não acho legal  fazer mil coisas ao mesmo tempo e depois ter que voltar pra refazer alguma tarefa que achei que ficou realizada de qualquer maneira - sim, sou TDA, mas sou perfeccionista -, não acho legal ter hiperfoco, quando ele acaba o "príncipe vira sapo",e o que era interessante fica chato, não acho legal esquecer o meu aniversário de casamento ou ser totalmente desligada das datas presentalóides (dia dos namorados, dia das mães, dos pais e blá blá). Mas .... dá pra levar a vida no bom humor. Então resolvi criar esse blog, pra falar das bobagens que nós, TDA´s acabamos fazendo no dia a dia. Sou mineiríssima, casada, mãe de 4 filhos (uma anjinha que tá no céu e três garotos lindos que estão comigo), sou administradora e sócia de uma empresa produtora de softwares para área da saúde. Convidei outra maluca, digo, TDA, pra postar aqui comigo, conheça um pouco sobre ela agora:

Glaucia Piazzi, 30 anos, amazonense e um currículo digamos... pouco convencional. Começou a cantar com 13 anos. A estas alturas já tinha um bom conhecimento de inglês. Aos 16, entrou no Cefet-MG para cursar Tecnologia Ambiental, mas se estressou do curso antes de um ano, e trocou para Química. Faltando dois meses para concluir este, estressou-se também e prestou vestibular para Fonoaudiologia na UFMG. Isso porque o curso juntava tudo de que ela gostava: o canto, a voz, a física, a odontologia, o cuidado. No segundo período do curso, estressou-se de novo e chegou a fazer vestibular simultaneamente para Medicina, Engenharia Elétrica e Nutrição. Chegou a passar em Medicina, mas, como era em outra cidade, e se propôs a terminar o curso de Fonoaudiologia, em Belo Horizonte ficou. Nesse ínterim, aprendeu italiano e começou a frequentar aulas de alemão. Durante o curso de Fonoaudiologia, juntou matérias suficientes para três períodos do curso de Letras. Mas não continuou, pois foi trabalhar como gerente de um restaurante, e logo após montou uma clínica fonoaudiológica. Clínica que, aliás, funciona até hoje, por intermédio de sua sócia, que felizmente não é TDAH e cuida direitinho do negócio. Já a Glaucia, enquanto isso, foi fazer Pilotagem Profissional de Aeronaves na UNA-MG e trabalha como consultora de vendas num centro de convenções. Uma beleza."Hoje em dia mantém o blog 'A vida é um mingau', e participa dos blogs 'Entre Elas, um Amado!', 'Insone Apaixonante' e este querido 'Ritalina com bobagem'. O mais impressionante é que ela dorme oito horas por noite."
E pra vocês não acharem que é bobagem, até na hora de criar o blog, a gente erra o nome, se gostou do formato do nosso blog, "siga-nos os bons"!


Postagens mais recentes Página inicial

Nossa bobagem de cada dia:

A minha bobagem é sem ritalina mesmo, porque sóbria é mais gostoso de se fazer as coisas. Por isso resolvi começar o meu dia com uma oração.

“Pai nosso que está nos céu, meu pai não é piloto, ele é mecânico. Santificado seja o vosso nome, venha a nós o vosso reino. Complicado isso, fica parecendo aquelas conquistas medievais, um rei invadindo o reino do outro, castelo, dragão, princesa... Onde eu estava mesmo? Ah, sim, seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu. É, piloto quando está em terra, fala de avião, quando está em vôo fala de mulher. Bobagem danada, gente. Eu queria a uma hora dessa estar em comando para ver na prática mesmo o nível de cruzeiro. Por isso que atleticano nunca é piloto, para não ter que se manter em nível de Cruzeiro. A propósito, o jogo do América foi ótimo, pena que o juiz tenha roubado tanto. Tadinho do Mequinha, tão injustiçado! Nossa, viajei. O pão nosso de cada dia nos dai hoje... Putz! Lembrei que tenho que pagar o seu Manoel da padaria! Ah, não faz mal, amanhã eu vou lá e aproveito para fazer a unha com a dona Judite. Só que os esmaltes dela estão ruins, vou sugerir comprar uns novos, tem umas cores bonitas que saíram estes dias, última moda. Ah... ahmmm... é... ta. Amém.”

Texto por Glaucia Piazzi

Colaboradores

Pesquisa hiperativa

Seguidores


Recent Comments