Voltei. E tô cheia de biziu ainda.

Oi, povo!

Eu vim aqui hoje pra dizer tanta coisa... Lembram que eu disse que casei, mudei e não convidei ninguém? Pois é, já tive um filho e também já me separei.

Parei de tomar a ritalina ainda nos fins de 2012, achei que tava tudo certo, que eu havia conseguido criar o padrão de comportamento necessário para sobreviver em sociedade. Qual o quê. Me descobri bipolar além de tudo, surtei várias vezes e depois de muito bater cabeça de psiquiatra em psiquiatra, finalmente chegamos à conclusão de que a associação de lítio e ritalina é o que me faz bem e me faz prestar atenção não só às coisas à minha volta, mas também em mim.

Com isso, veio um monte de coisa à tona. À medida que vamos surtando, algumas coisas ficam evidentes, mesmo sem terapia. Por eu estar prestando mais atenção em mim, andei observando certos tipos de sensações que eu achava serem comuns a todos os seres humanos.

Conversei com uma amiga psicóloga, a quem eu descrevi como foram os últimos surtos. Minha cabeça funciona tal qual um computador, onde ligo pela manhã e carrego aquele monte de informação na RAM. À medida que você vai usando a informação de que necessita, você libera a RAM para usar outra informação. Pelo menos era assim que uma cabeça normal deveria funcionar. A minha não: a RAM vai carregando, carregando, carregando e no fim eu explodo com tanta coisa na cabeça porque não consigo dar conta de mais nada. É a hora que eu me vejo parada do meu lado, como se eu estivesse fora do meu corpo, choro, tremo, aperto os olhos, os ouvidos, balanço pra frente e pra trás, rodo os pés, ando de um lado pro outro e fico pulando pra ver se aplaca a vontade de bater a cabeça na parede. No mais severo desses surtos, em 2017, eu pedi pra ir para um quarto escuro e silencioso. Sentei e quando me acalmei um pouco, percebi que minha pele ardia e formigava por baixo. Toda. Especialmente nas extremidades. Desenhei um jacarandá, cheio de detalhes. Fui pra casa dirigindo daquele jeito, deitava, acordava e não conseguia melhorar daquela sensação bolada. Quem me abraçou - me lembro dos diretores da escola onde eu trabalho de manhã e do meu ex-marido - naquele dia ajudou a me conter, viu... Porque eu ia pular da janela se estivesse num prédio.

Em novembro do ano passado pedi licença de 10 dias dos meus dois trabalhos também por essa sensação. E eu falei exatamente essa frase pro chefe da tarde quando cheguei lá pra avisar que não ia ficar: "posso ir embora? Eu preciso ir. Agora. Se você me der mais alguma coisa pra fazer, eu vou pular daqui de cima". Lá sim são 4 andares, aí a coisa ia ficar feia. Ele riu, porque o jeito como falei foi até engraçado mesmo, disse pra eu me cuidar que em 10 dias ele me passava o necessário. Ow, casal maravilhoso para quem eu trabalho, viu. Sério. Compreenderam perfeitamente e não me julgaram. A "chefa" até me deu um comprimidinho extra pro caso de ter uma crise que eu não tivesse a quem recorrer. Não cheguei a usar esse comprimidinho: meu filho fuçou minha bolsa, achou chocolate, comeu, e comeu o comprimido também. Oi, Ceatox!

Então. Comecei a observar mais essa sensação de pele queimando por baixo. É algo entre a ardência e o formigamento. Sempre tive, mas quando estou estressada parece que dói mais. É no corpo inteiro, mas quando não estou em crise nem estressada ela predomina nos antebraços e mãos, no peito dos pés e nos tornozelos. Ao mesmo tempo da ardência, sinto um arrepio com formigamento que me percorre sempre os mesmos lugares, as costas, do meio para os braços, e um que pega uma faixa da minha cabeça. As roupas me incomodam naturalmente, sinto que me massageiam até um determinado momento e depois parece que me apertam e entortam no meu corpo. Tenho pavooorrr de etiqueta, é a primeira coisa que arranco quando compro uma roupa. No fim do dia, elas já estão me incomodando ao extremo, tenho vontade de arrancar tudo, porque junta com os arrepios/formigamentos e eu acho até que dói. Nunca procurei um reumatologista ou um neurologista pra ver isso. E o medo de descobrir uma doença degenerativa?

Ainda na linha da pele, não uso nenhum tipo de joia, acessório, anel, aliança, pulseira, nada. Nem esmalte. Gosto, acho bonito, tento usar mais vezes. Já teve época de usar toda semana. Mas depois eu paro porque não aguento, não gosto de nada me pegando: brincos eu arranco assim que acaba o evento no qual estou; com o esmalte eu tenho a sensação de que tem um monte de pregador de roupa nas pontas dos meus dedos me apertando.

Meu próprio cabelo me incomoda. Corto curto para não cair na cara. Cresce um pouco, uso presilha. A presilha começa a apertar a cabeça, eu arranco e bagunço os cabelos com as mãos, pra aplacar aquele arrepio que descrevi ali em cima.

Sensação de não caber em mim. Eu hein.

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Nossa bobagem de cada dia:

A minha bobagem é sem ritalina mesmo, porque sóbria é mais gostoso de se fazer as coisas. Por isso resolvi começar o meu dia com uma oração.

“Pai nosso que está nos céu, meu pai não é piloto, ele é mecânico. Santificado seja o vosso nome, venha a nós o vosso reino. Complicado isso, fica parecendo aquelas conquistas medievais, um rei invadindo o reino do outro, castelo, dragão, princesa... Onde eu estava mesmo? Ah, sim, seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu. É, piloto quando está em terra, fala de avião, quando está em vôo fala de mulher. Bobagem danada, gente. Eu queria a uma hora dessa estar em comando para ver na prática mesmo o nível de cruzeiro. Por isso que atleticano nunca é piloto, para não ter que se manter em nível de Cruzeiro. A propósito, o jogo do América foi ótimo, pena que o juiz tenha roubado tanto. Tadinho do Mequinha, tão injustiçado! Nossa, viajei. O pão nosso de cada dia nos dai hoje... Putz! Lembrei que tenho que pagar o seu Manoel da padaria! Ah, não faz mal, amanhã eu vou lá e aproveito para fazer a unha com a dona Judite. Só que os esmaltes dela estão ruins, vou sugerir comprar uns novos, tem umas cores bonitas que saíram estes dias, última moda. Ah... ahmmm... é... ta. Amém.”

Texto por Glaucia Piazzi

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