10 mitos sobre mim

1. A Glaucia não gosta de crianças.
Ok. Toda vez que eu vejo uma criança eu vou lá e jogo a pobrezinha debaixo do primeiro ônibus que passar na rua. Francamente, gente, a vida inteira gostei de criança, até porque eu fui uma! A diferença é que eu não trato nenhuma com voz de bebezinho, o que faz com que aquelas mimadas tenham uma primeira impressão de que eu sou brava. Até hoje nenhuma criança sequer me chamou de chata e o que eu mais gosto de ouvir delas é: "gosto de conversar com você porque você não me trata igual neném." O que eu nunca gostei foi de realizar terapia fonoaudiológica com crianças, porque, cá pra nós, na cabecinha muito ativa que elas têm, 40 minutos são uma eternidade e é tudo um saco. Gosto sim, e muito, e todas elas me adoram.

2. A Glaucia não gosta de animais.
Pobrezinhos, têm o mesmo destino das crianças. Palhaçada! O fato de eu não ter um animal de estimação não significa que eu não goste. Ao contrário. Significa que eu gosto tanto que não seria justo ter um bichinho sendo que não tenho tempo para cuidar. A vida inteira tive gato, cachorro e periquito. Minha mãe sempre consumiu com os quatro patas porque eu me empolgava no começo, catava pulguinhas e tudo o mais, mas minha paciência durava só doze dias e acabava que ela que cuidava dos bichinhos. Porém que fique bem claro que ela sempre doou a quem pudesse cuidar deles, pois na minha casa nem bem-vindo é quem faz maldade com animais. No pós-ritalina eu seria perfeitamente capaz de ter um bichinho. Se vier, será bem-vindo.

3. A Glaucia não gosta de plantas.
Ao contrário do que parece, gosto principalmente de flores e sou fascinada por helicônias. Infelizmente na minha casa não tem um espaço adequado para elas, mas me viro como posso: tenho duas orquídeas que amarrei no tronco da mangueira e um pé de jabuticaba bonsai, presente de uma amiga, e que cuido como se fosse um filho.

4. A Glaucia só sai de casa para frequentar bibliotecas e cafés cheios desses intelectuais.
Sim, eu gosto, mas biblioteca eu tenho em casa, ler eu leio lá ou no ônibus. Café também é um hábito maravilhoso que tenho, amo aquela xícara grande bem cheia e com desenhos na espuma. Não sou "intelectual" por gostar de ler e de escrever. Tenho amigos "normais" e garanto que é mais fácil me achar num boteco ou no estádio que num desses cafés. Ademais, eu converso sobre todos os assuntos. Não me exclua por achar que eu sou nerd e que só falo sobre física quântica, engenharia, linguística ou teoria da conspiração do futebol. Não tenha medo de me convidar para eventos: simplesmente me adapto à roda em que me encontrar.

5. A Glaucia não escuta nada que não seja ópera.
Eu escuto qualquer coisa que faça bem aos meus ouvidos e ao meu coração. Pode ser ópera, samba, jazz, rock, eletrônica. Também gosto de dançar, sabia? Sou iniciante em frevo, uma negação em tango, e me divirto assim mesmo. Isto quer dizer que, se não fizer bem nem aos meus ouvidos, não darei nem atenção e não pararei para analisar. Exemplo clássico: funk.

6. A Glaucia é insensível.
Devo ser mesmo. Só porque sou sincera, clara, objetiva, direta e às vezes até tosca nas minhas declarações. O problema é que quem não convive comigo está acostumado a ouvir frases maquiadas e palavras escolhidas com as pontas dos dedos. Eu não maqueio palavras para falar com você. Vou falar o que você estiver precisando ouvir, justamente por ser bastante sensível ao seu problema. Provavelmente já passei pelo mesmo, te entendo e, principalmente, não te julgo. Depois da ritalina, minha capacidade de ouvir ficou ainda mais aguçada. Pode ter certeza de que, embora eu não meça muito as palavras para falar, aqui você tem uma boa amiga. Convivo com muitos homens - engenharia mecânica e aviação, né - e isso não me tornou insensível, ao contrário, me fez conhecê-los mais a fundo e prever seu comportamento. Mas como a minha tosquice sempre é mal interpretada, agora eu fico assistindo de camarote às minhas amigas esperando o príncipe encantado num cavalo branco, chutando o príncipe e morrendo por causa do cavalo. E olha que avisei.

7. A Glaucia é desorganizada.
Minha mesa do escritório faz um ciclo da direita para a esquerda, de coisas a fazer, de coisas sendo executadas e de coisas já resolvidas. Anoto tudo o que eu gasto e tenho uma planilha, na qual constam até os dez centavos que gastei com balinha. A ritalina foi a responsável pela queda de 50% do valor das minhas dívidas, pois passei a ter controle sobre meu salário e aprendi a planejar para pagar tudo. Tenho que saber com o que contar.

8. A Glaucia não é ciumenta e, por isso, desligada.
Sinto ciúme sim, como toda pessoa, mas não sou doente. Confio na pessoa que está comigo e o mínimo que espero é reciprocidade. Dar provas públicas de amor, atender o celular do namorado, dar escândalo porque ele conversou com alguma mulher, melação no twitter e no facebook - leia-se "marcar território" - definitivamente são atitudes que não combinam comigo: sou muito mais ganhar um bom-dia via SMS. Sou romântica, mando letra de música por e-mail, me arrepio quando chego perto, observo-o enquanto ele faz a barba ou escova os dentes. É, meu amigo, eu cuido sim, não sou nem um pouco desligada. Amo com toda a intensidade, apenas não torno isso público.

9. A Glaucia tem raiva de ser brasileira.
Conhecer outras culturas e falar outros idiomas não me faz menos brasileira que você. É justamente por amar o meu país que às vezes eu tenho tanta raiva dele. É como uma criança que faz travessura e a mãe dá umas palmadas. Dói, mas passa.

10. A Glaucia é louca.

Se ir ao psiquiatra é loucura, então eu fugi do hospício há muito tempo. Sou só hiperativa, desatenta e impulsiva e tomo ritalina. É tarja preta sim, mas é justamente o que me acalma e me permite fazer as coisas uma de cada vez, já que a paciência agora vem em doses de 10 mg. Eu também não fico preocupada se os outros estão pensando bem ou mal de mim, ou se estão falando de mim. Faço o que tenho vontade, sem agir por impulso. Ao que você chama "loucura" é só autenticidade. ;-)

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Nossa bobagem de cada dia:

A minha bobagem é sem ritalina mesmo, porque sóbria é mais gostoso de se fazer as coisas. Por isso resolvi começar o meu dia com uma oração.

“Pai nosso que está nos céu, meu pai não é piloto, ele é mecânico. Santificado seja o vosso nome, venha a nós o vosso reino. Complicado isso, fica parecendo aquelas conquistas medievais, um rei invadindo o reino do outro, castelo, dragão, princesa... Onde eu estava mesmo? Ah, sim, seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu. É, piloto quando está em terra, fala de avião, quando está em vôo fala de mulher. Bobagem danada, gente. Eu queria a uma hora dessa estar em comando para ver na prática mesmo o nível de cruzeiro. Por isso que atleticano nunca é piloto, para não ter que se manter em nível de Cruzeiro. A propósito, o jogo do América foi ótimo, pena que o juiz tenha roubado tanto. Tadinho do Mequinha, tão injustiçado! Nossa, viajei. O pão nosso de cada dia nos dai hoje... Putz! Lembrei que tenho que pagar o seu Manoel da padaria! Ah, não faz mal, amanhã eu vou lá e aproveito para fazer a unha com a dona Judite. Só que os esmaltes dela estão ruins, vou sugerir comprar uns novos, tem umas cores bonitas que saíram estes dias, última moda. Ah... ahmmm... é... ta. Amém.”

Texto por Glaucia Piazzi

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